sábado, 15 de março de 2014

Justin e a Espada da Coragem



Sim, é uma animação que foge ao padrão. Justin e a Espada da Coragem (trailer) além de ter sido produzido pelo ator Antonio Banderas é um filme espanhol. O longa dirigido por Manuel Sicilia estreou na ultima quinta (13) nos cinemas do Brasil.
A história se passa num reino medieval, onde as leis tomaram o lugar dos cavaleiros na proteção do reino. Justin é um garoto que, ao contrário do que fez seu pai, não quer ir pra faculdade de direito, o sonho de Justin é seguir os passos de seu avô e se tornar um cavaleiro.  Com a orientação dos grandes mestres, um trio bastante irreverente, Justin passa por diversos treinamentos, não apenas aprendendo a lutar, mas o personagem aparece em várias sequencias sob toneladas de livros.
Um ponto forte do filme é a forma como as personagens são retratadas, por exemplo, o mago que costuma ter um ar sério e místico nas aventuras medievais aqui é um guru que sofre de dupla personalidade. Esqueça também a princesa indefesa que precisa do cavalheiro para defendê-la em Justin e a Espada da Coragem as personagens femininas são o oposto dos esteriótipos que geralmente se vê. A rainha mesmo viúva consegue governar o reino, a mocinha é na verdade uma chata superficial (não há como descrever melhor) e o parceiro de luta de Justin é Talia, sim uma garota.
Justin e a Espada da Coragem é  mais um dos novos longas de animação que veem inovar o cenário do gênero. As cenas, os diálogos, as reflexões presentes no filme só confirm 
am o que há muito tempo tenta-se provar: animações não são filmes apenas para crianças.

terça-feira, 4 de março de 2014

Uma Breve História dos Fones de Ouvido

Peça hoje tão conhecida e comercialmente popularizada o fone de ouvido é quase que uma extensão do vestuário. Já para outros (aqueles que tem o gosto musical mais irritante possível) o item parece ser desconhecido, pois tais seres insistem em andar pela rua, entrar em lugares fechados público e privados, com seus celulares e afins no ultimo volume. 
Os fones vem passando por uma evolução desde o surgimento de seus primeiros ancestrais em 1880, quando eram utilizados por rádios e telefonistas. O primeiro modelo só veio finalmente chegar ao mercado em 1937.
Passando pelo lançamentos dos primeiros fones estéreis produzidos em 1958 por John Kross, ao lançamento do primeiro Walkman da Sony em 1979, e a revolução musical que o iPod causou, os fones dominaram os mercados e as cabeças. Agora os tão sonhados e cobiçados fones da linha Beats que custam mais de mil reais desfilam na cabeça dos rappers. 

 Fonte:  Whiplash.net

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Raul Seixas: o Início, a Metamorfose Ambulante e o Meio

  Uma das figuras mais controversas e multifacetadas da música brasileira Raul Seixas é considerado o pai do rock nacional. Teve uma vida cheia de altos e baixos, mistérios e polêmicas. Por exemplo, sua relação com Paulo Coelho companheiro de composição. No documentário dirigido por Walter Carvalho, Raul – O início, o fim e o meio (2011), o escritor afirmou que apresentou as drogas pra Raul e que não se arrependia de tal fato.
  Em 1974 Raul e Paulo faziam parte de uma sociedade exotérica e pretendiam criar a tão famosa Sociedade Alternativa. A música homônima teria sido criada para divulgar os preceitos da Sociedade. Em pleno Regime Militar, cantar algo que dizia “faço o que tu queres, pois há de ser tudo da lei” resultou em Raul sendo, como ele costumava dizer, “convidado a se retirar” do Brasil.
  Raul Seixas era irreverente, se definia tímido, mas era incrivelmente carismático. Quanto mais afirmava que não pregava verdades absolutas e que não queria ser seguido, mais fãs enlouquecidos surgiam atrás dele. Definir alguém tão complexo e irreverente como Raul Seixas é ao mesmo tempo impossível e fácil demais já que ele mesmo encontrou as duas melhores palavras para isso: Metamorfose Ambulante.
  De suas três filhas a única que teve mais contato com o pai foi Vivian Seixas resultado do quarto dos cinco casamentos de Raul. Vivi foi uma das convidadas para a festa de lançamento do vídeo publicitário realizado pela Samsung e pela Vivo no início de fevereiro. O vídeo Metamorfose Ambulante, tem pouco mais de 5 minutos e em menos de um mês mais de 10 milhões de visualizações. Nele Raul é um homem das cavernas que viaja no tempo após ter tido contato com um disco voador carregado de tablets e smartphones. Segundo artigo publicado no site da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial com detalhes técnicos do filme as empresas compraram os direitos fonográficos da musica e a família de Raul acompanhou cada parte da produção do filme.
  Baiano de Salvador, a Mosca na Sopa se tornou nacionalmente conhecido no Festival Internacional da Canção de 1972 cantando Let me sing, let me sing, uma mistura de rock e baião como ele disse várias vezes “Elvis Presley e Luiz Gonzaga é tudo a mesma coisa.” Raulzito nunca deixou de ser um sonhador em várias entrevistas se dizia apaixonado por cinema e que era tão bom ator que fingia ser cantor e compositor e todo mundo acreditava.
  O consumo de álcool provocou problemas no pâncreas que precisou ter 1/3 retirado. Na ultima fase de sua vida Raul fez 50 shows em 9 meses ao lado de Marcelo Nova, mas aquele não era o mesmo Raul de antes. Em sua ultima entrevista no programa do Jô em julho de 1989 estava com o corpo inchado e deformado até mesmo para falar tinha dificuldade. Raul Seixas morreu aos 44 anos de parada cardíaca durante uma crise pancreatite. A morte, que segundo ele “talvez fosse o segredo dessa vida”, chegou cedo demais para o eterno Cowboy fora da lei.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Canais de Covers Acústicos

Se tem uma coisa que eu adoro fazer é assistir esses vídeos de covers acústicos de músicas pop. Existem alguns canais muito famosos desse estilo como o Boyce Avenue, mas eu gosto mesmo é daqueles pouco conhecidos. Vamos aqui alguns dos meus favoritos. Espero que gostem.

Megan Davies - Dark Horse (Acoutic Cover)
A Megan é compositora e mora em Nashville. No Soundcloud dela ( https://soundcloud.com/meganashleydavies) tem várias músicas escritas por ela. Boa parte dos vídeos da Megan são feitos junto com sua irmã a Jaclyn.

Mariana Bortolotto - Beijinho no Ombro
É uma ruiva *-* que faz ótimos covers, conheci ela com o vídeo da música A Ruiva de SOULSTRIPPER <\3 foi amor pela voz dela à primeira ouvida.

US - Hannah Montanna Theme Song
Esse canal é bem famoso na verdade. Já tem até um álbum recém lançado.Vale a pena conferir o perfil deles no Vine. Além desse vídeo da abertura de HM, um dos meus favoritos é um mashup com as aberturas de vários desenhos dos anos 90.


Talvez

É engraçado admitir que depois de tanto tempo eu ainda fico imaginando como teria sido se tivéssemos ficado juntos. Se tivéssemos passado algum tempo juntos. Talvez se eu tivesse pensado mais em nós dois naquele momento e me preocupado menos com o futuro, nós estaríamos juntos. Ou não. Só que não existe nós, e sinceramente acho que nunca chegou realmente a existir. Talvez pode ser que eu tenha imaginado demais... Será que você me amava ? Será que daríamos um belo casal? Ou apenas teríamos ficado juntos por uma semana, quem sabe nem teríamos ficado juntos... Pois é não ficamos. Mas pelo menos, se tivéssemos passado qualquer tempo juntos, hoje eu saberia se tivemos um ponto final ou reticências, Teria algo concreto ao invés de duvidas, de " se", "talvez", "será".
Texto da Amiga Cacau. 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Felicidade clandestina - Clarice Lispector

Ah, lá vem com mais um conto de Clarisse Lispector. Sim eu seu de toda a horda de posers que postam frase dela (será que são realmente dela?) no Tumblr e Facebook. Eu também não sou grande admiradora da escritora nunca li livros dela na verdade, mas esse é dos melhores que já li. Espero que gostem.

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Finalmente, Decidi.

Decidi (tomei vergonha na cara) que o Não Consigo Decidir, vai voltar a funcionar. Não vai mais ser um blog só sobre livros, claro que vou falar deles afinal são minha paixão, mas posso falar de diversas outras coisas também. Então é um momento novo, um momento de grandes decisões. E espero escrever muito aqui mesmo que ninguém leia.